quarta-feira, 29 de julho de 2009

A Loucura da Maternidade

Este texto é da Kalu do blog Mamíferas e acho que é o texto que melhor explica o que todo mundo diz sobre: -Aproveita muito, porque passa rápido e dá uma saudade!
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De repente daquele encontro de corpos, um único espermatozóide consegue fecundar um óvulo gigantesco. Naquele instante iniciam as transformações físicas, espirituais, emocionais, sociais e psicológicas. Logo a gente aprende o mantra da maternidade: Isso passa.

Começam os enjôos para muitas, sono, falta de apetite ou excesso, o seio dolorido, a barriga pequenina e uma moleza que parece não caber no corpo.Ninguém percebe que você está grávida, nem você mesmo. Então alguém lhe oferece o mantra da maternidade: Isso passa. E como você deseja isso realmente.

A barriga começa a crescer, as formas se arredondam, o corpo ganha um desenho lindo com aquela barriga saliente e discreta, a pele saudável e brilhante, os cabelos volumosos. O corpo ganha uma energia a mais. Todos percebem que você vai ser mãe e tratam você com tanta gentileza. Você tem preferência no supermercado, no banco.

Até que a barriga começa a ficar pesada, as pernas inchadas, as contrações começam e o corpo pede para parar. A ansiedade por conhecer aquele pequeno ser, tão desejado, amado torna-se tão grande que você não vê a hora do seu momento chegar. E ele chega.

Vêm as contrações, delicadas, depois mais intensas, depois muito intensas. Você acha que não vai aguentar e quando pensa que é o limite de suas forças, seu corpo começa a fazer força, você quer que aquilo passe logo ou não, mas acaba e você tem um pequeno ser no colo.

Fora do corpo, aquele pequeno ser depende exclusivamente de você. Não sabe quando é dia ou noite, mama o dia e a noite toda. Apesar da prolactina, hormônio do leite dar uma ajuda a mais para aguentar tanto tempo sem dormir, você se sente cansada. As vezes passa por desafios na amamentação, até que seu pequeno aprenda a mamar e seus seios se acostumem com a atividade intensa. Então você deseja que aquilo passe. E passa.

O bebê começa a dormir mais durante a noite, chegam as primeiras doenças, a primeira papinha, os desafios de uma nova fase. Aquele bebê começa a querer ganhar o mundo, a desejar o chão, os objetos. E a gente anda para lá e para cá. Algumas começam a trabalhar e mais um desafio surge para manter a amamentação, para lidar com a crise de separação. E na ausência o bebê parece querer mamar mais a noite, desperta de 30 em 30 minutos. Então você deseja que aquilo passe, e passa.

O pequeno começa a andar, a correr, acostuma-se com a rotina da família, interage, oras com birra, oras com gracinhas lindas que fazem parte do seu repertório de conversas. E você as vezes quer que ele seja mais independente, as vezes não. Mas passa.

Um dia o bebê virou criança, adora os amiguinhos, a professora, as tias, as avós e faz seus vôos solitários por aí. Então, um dia você segura no colo um recém nascido ou vê uma mulher barriguda e sente tanta saudade de cada uma das loucas fases da maternidade. Sente falta do tempo em que você era o universo daquele pequeno, sente falta da ocitocina do parto, do choro de bebê, do cheiro, de dedicar-se daquela maneira tão intensa.

Esquece das noites não dormidas, de todos os desafios e limites experimentados e superados. Parece loucura, mas a gente esquece porque o fundamental são as coisas boas que a maternidade nos dá: esta capacidade incrível de sentir amor por aquele pequeno ser, de servi-lo com tanto amor, a responsabilidade doce de permitir que as virtudes aflorem, a maravilha de ensinar, de ser o exemplo, de estar ao lado de uma alma em um corpo pequeno e aprender mais sobre si mesmo a todo momento.

Então você descobre que o mantra da maternidade é um alerta: Isso passa, por isso, aproveite cada instante, por mais desafiador que pareça.

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